"Financial Times" mapeia tendências de consumo e de gestão diante de um cenário que concilia o pós-crise a novas tecnologias

Daniel Mihailescu

A CRISE econômica que se alastrou pelo mundo no fim de 2008 e causou transtornos só superados, nos últimos cem anos, pelo crash de 1929 pôs em xeque dogmas de gestão. A obsessão pelo lucro, simbolizada por empresas como o Lehman Brothers, o uso insustentável de recursos naturais, materiais e humanos e mesmo a noção de que é preciso esconder os fracassos de uma companhia mostraram-se técnicas ineficientes, quando não prejudiciais, de administração.

Paralelamente, novos comportamentos, associados a tecnologias inovadoras nas áreas financeira, energética e computacional, sinalizam transformações profundas na maneira de fazer negócios em todo o planeta.

Esses fenômenos, alguns dos quais já perceptíveis, foram mapeados por colunistas e repórteres do diário britânico "Financial Times", que nestas páginas apresentam tendências que devem se disseminar até o final da próxima década.

1 - Computação em céu aberto: Portáteis serão como supercomputadores

DO "FINANCIAL TIMES"

O assunto quente do setor de tecnologia, nos últimos anos, vem sendo a ascensão da "computação em nuvem". Mas o que exatamente é esse novo desdobramento, e de que maneira influenciará as nossas vidas? São necessárias duas coisas para compreender a plataforma. A primeira se relaciona ao poder de processamento e de armazenagem de dados, que vem se transferindo de máquinas individuais para grandes centrais remotas de processamento de dados.

Isso permite que números sejam processados em escala industrial e que o poderio de um supercomputador seja aplicado a tarefas cotidianas: analisar os padrões de tráfego de uma cidade, por exemplo, e prever onde surgirão congestionamentos.

A segunda parte se relaciona aos bilhões de aparelhos pessoais inteligentes -por exemplo, netbooks e celulares inteligentes- capazes de se conectar a esse recurso centralizado de computação via internet. Isso significa que indivíduos (e não apenas empresas ou governos) poderão tirar vantagem dessas "nuvens" de informações.

Assim, para onde isso nos conduz? Duas previsões gerais surgem rapidamente. Uma é a de que oferecer tanto poder de processamento e armazenagem a baixo custo resultará em novos avanços.

A ciência, por exemplo, poderia ser revolucionada, já que os pesquisadores ganhariam acesso a montanhas inimagináveis de dados e desenvolveriam maneiras de produzir referências cruzadas entre as diferentes disciplinas.

A segunda previsão é a de que os aparelhos pessoais de computação se tornarão superinteligentes, à medida que puderem aproveitar a inteligência da "nuvem". O Google já está falando sobre adicionar tradução de voz instantânea aos recursos de seus celulares. As grandes mudanças que esses avanços da computação representarão podem não estar concluídas ao final da próxima década, mas estarão a caminho.

RICHARD WATERS, chefe da sucursal de San Francisco.

Veja mais tendências nos próximos dias.
Fonte: Folha de São Paulo

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