Governo federal quer dar 75 mil bolsas de estudos até 2014. USP manda mil alunos ao exterior por ano e quer passar para 4 a 5 mil

A presidente Dilma Rousseff disse que pretende lançar um programa de bolsas de estudo no exterior para beneficiar 75 mil estudantes até 2014. A ideia é financiar os estudos, principalmente na área de ciências exatas. Dilma espera ainda ter ajuda do setor privado para chegar a cem mil bolsas.

Os dados mais recentes no site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) mostram que 4.346 bolsas de estudo no exterior foram oferecidas pela coordenadoria em 2009 para graduação e pós-graduação. A Capes quer dobrar o valor dos recursos em bolsas para estudantes e pesquisadores do ensino superior até 2020. A Capes tem para este ano um orçamento previsto de R$ 1,7 milhão. Dez anos depois, a intenção é de uma destinação de recursos de cerca de R$ 3,5 milhões.

Outras bolsas já são oferecidas por empresas e fundações diretamente às universidades brasileiras, que estão, cada vez mais interessadas em estabelecer parcerias internacionais.

O objetivo, segundo as próprias instituições, é trocar cada vez mais experiências com diferentes países e culturas. Há acordos para intercâmbio de alunos e professores, pesquisas feitas aqui em conjunto com escolas de outros países e até com instituições como a agência espacial americana Nasa.

Veja dicas para estudar no exterior:
Antes de entrar na universidade, pesquise para ver se a instituição tem parcerias internacionais
Já na universidade, mantenha-se informado sobre as ações de cooperação internacional da instituição e sobre bolsas oferecidas por empresas e fundações
Estude inglês e outras línguas constantemente e faça exames de proficiência
Mantenha-se informado sobre as exigências das universidades no exterior, sobre necessidade de envio de cartas de recomendação de professores e textos de apresentação feitos por você
Na hora de optar pelo modelo de curso no exterior, fique atento para ver qual deles atende melhor suas expectativas
Há opções de cursos rápidos no exterior, de um semestre ou um ano acadêmico, graduação-sanduíche ou estudos com estágio
Peça ajuda à universidade para descobrir se os estudos que fará no exterior terão equivalência ao que deveria estudar no Brasil ou não
Se não houver equivalência, você terá de cursar o ano que parou no Brasil quando voltar
Outra possibilidade é ir para o exterior após acabar o curso aqui

 A Universidade de São Paulo (USP) tem uma área só para o desenvolvimento de cooperação internacional e fez uma determinação para que todas as unidades tenham uma comissão local de relações com outros países.

No ano passado, cerca de mil alunos da USP estudaram no exterior do total de 55 mil alunos na graduação. “Queremos aumentar muito, para por volta de quatro a cinco mil alunos em quatro a cinco anos”, disse o vice-reitor de Relações Internacionais, da USP, Adnei Melges de Andrade.

Na graduação, há dois tipos de programa de mobilidade. Num deles, é possível aproveitar créditos de estudos feitos por um ou dois semestres no exterior. Neste caso, o estudante já pesquisa antes de sair do Brasil qual disciplina poderá fazer para ter equivalência ao voltar.

Outra opção é fazer disciplinas que não têm equivalência. Neste caso, o estudante pode levar mais tempo para terminar o curso ao voltar ao Brasil, o que também é válido, segundo o vice-reitor. “O aluno entra e aproveita para fazer uma coisa nova ou diferente e que agrega para sua formação. As duas são válidas, depende do plano de vida.”

Outro tipo é a busca da dupla diplomação. Neste caso, o estudante passa dois anos fora na maioria das vezes. No final, tem o diploma da USP e o diploma da escola que cursou no exterior. Há possibilidades principalmente para engenharia, administração, economia e agronomia.

“Nos dois casos, o objetivo é o mesmo, dar ao estudante uma visão internacional, ter abertura mental de conhecer a vida e a formação universitária em outro país. Ele ganha bastante na abertura e conhecimento sobre outra língua, cultura”, disse Andrade. Para os cursos pagos de universidades estrangeiras, segundo o vice-reitor, a USP procura bolsa para os alunos.

Diploma internacional
O curso de hotelaria do Senac de São Paulo fez parceria com a Escola de Hotelaria Suíça. O estudante começa o curso no Brasil e no terceiro ano segue para a Suíça. No país, faz um curso intensivo e um estágio. “É opcional, mas 90% dos alunos querem fazer”, disse Daiane Lagger, gerente regional de marketing e admissão do Grupo Suíço de Escolas de Hotelaria (Suisse Education Group).

Quando volta, o estudante tem de terminar o curso no Brasil. Por exigência do Ministério da Educação, o aluno precisa refazer o semestre de estudos. Ao terminar a faculdade, o profissional pode trabalhar no Brasil ou no exterior, já que o programa feito na Suíça acaba com um diploma para atuação internacional.

Segundo Lagger, os gastos do estudante no semestre giram em torno de US$ 30 mil (cerca de R$ 47 mil). Quando começa o estágio, o aluno recupera parte do investimento, porque recebe cerca de US$ 2.200 mensais (cerca de R$ 3.400), de acordo com a gerente. Fica hospedado no próprio hotel em que trabalha.

Alunos da UFSCar procuram asteróide na universidade; abaixo, exemplo de imagem analisada pelos estudantes (Foto: Gustavo Rojas/UFSCar) Alunos analisam imagens na UFSCar; abaixo,
marcação em vermelho mostra asteróide
(Foto: Gustavo Rojas/UFSCar)

Sem sair de casa
Na UFSCar, uma parceria na área de astronomia permite que alunos participem de um programa internacional de descoberta de asteróides sem sair de casa. O grupo do Brasil já descobriu três desses corpos celestes. Eles recebem fotos do espaço feitas por telescópios internacionais para analisarem. O projeto envolve escolas de todo o mundo.

As fotos feitas com intervalo de 20 minutos têm vários corpos celestes. Cabe aos estudantes procurar pontos que estão se mexendo nessas imagens, que são os asteróides. “Envolve pessoas que nunca poderiam fazer pesquisa sem telescópio”, disse o professor Gustavo de Araujo Rojas, que coordena a parceria na UFSCar.

O trabalho é feito para calcular a trajetória dos asteróides e saber se há algum risco de colidirem com a Terra. A maioria dos participantes faz física na Federal de São Carlos. O contato com cientistas da Nasa é feito pelo professor, mas os estudantes têm a oportunidade de colaborar com um trabalho internacional e recebem uma placa da Nasa. Os alunos praticam matemática, física, computação e inglês na atividade. “Adiciona muito na formação de um cientista”, disse o professor.   Vários países
O Insper tem mais de 20 parcerias assinadas. A maioria é bilateral. Os países mais procurados pelos alunos são Estados Unidos, Austrália, Canadá, Cingapura, Argentina e nações da Europa. “A maioria dos alunos faz matérias eletivas”, disse a coordenadora de Relações Internacionais do Insper, Andrea Tissenbaum.

UFMT tem inscrições abertas para intercâmbio; veja no vídeo ao lado

O contato com outras culturas é o maior ganho nos cursos, segundo Andrea. “O enriquecimento é imenso. Vai ter que ter uma abertura para a diversidade, ficar mais aberta, tolerante”, afirmou Andrea. A universidade teve mais de 200 alunos brasileiros no programa nos últimos três anos. Os estrangeiros no Brasil estão aumentando. Em 2010, foram 30. Neste ano, serão 50. “Eles vêm interessados no país, na economia brasileira.”

“Procurei fazer uma parte na Europa pelo diferencial cultural. Já a Ásia era uma caixa preta, que tive oportunidade de conhecer" Marco Antonio Guimarães Vianna Filho, formado em administração

Marco Antonio Guimarães Vianna Filho, de 21 anos, se formou pelo Insper no ano passado. Fez três anos do curso de administração no Brasil. No último ano, estudou um semestre na Suíça e outro em Cingapura. Toda a seleção e busca de bolsa para fazer os estudos no exterior contou com a ajuda do Insper. Nos dois países, procurou matérias que usaria em sua área de atuação quando voltasse ao Brasil.

“Procurei fazer uma parte na Europa pelo diferencial cultural. Já a Ásia era uma caixa preta, que tive oportunidade de conhecer”, afirmou Marco Antonio. “É muito válido, uma experiência incrível. Conheci a fundo culturas diferentes pela convivência com pessoas de vários países”, disse.

Em busca de aumentar o intercâmbio entre alunos, a Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, entrou para uma associação internacional, a American University System. “A parceria tem como principal objetivo oferecer aos seus alunos um conteúdo de aprendizado global”, disse o diretor da universidade, Mário Veiga de Almeida Júnior.

Estudantes poderão se inscrever em módulos de cursos de instituições dos Estados Unidos e da América Latina. O mesmo vale para alunos de outros países. “A iniciativa aumenta a imersão dos estudantes em culturas e crenças diversificadas, e proporciona o aprendizado mais aprofundado de uma nova língua”, disse Almeida Júnior. Os programas começam no segundo semestre, de acordo com a universidade.

A Universidade de Brasília (UnB) conta com 156 acordos de cooperação. No último edital, 190 vagas em universidades estrangeiras foram oferecidas. Na UnB, o candidato precisa buscar cursos semelhantes ao que faz na universidade e ter cursado, no mínimo, 40% dos créditos e não ter 90% dos créditos concluídos. Além disso deve ter Índice de Rendimento Acadêmico (IRA) igual ou superior a três. As universidades conveniadas com a UnB isentam os estudantes de pagar taxas. Mas os gastos com passagens, hospedagem, alimentação e cursos extracurriculares são de responsabilidade do estudante.

Pós-graduação
Há ainda universidades que oferecem opções de cursos no exterior na pós-graduação, como a São Leopoldo Mandic, que forma dentistas na cidade paulista de Campinas. Desde 2007, a faculdade oferece a possibilidade de alunos irem para o exterior e recebe estrangeiros interessados em cursar a parte prática no Brasil. “É importante pelo contato com novos materiais e pesquisa”, disse o professor Alexander D’Alvia Salvoni.

A faculdade tem parcerias com a Espanha, Portugal e a Suécia. “O intercâmbio sempre acaba tendo um avanço científico. Nós temos áreas de excelência e eles também. Ocorre uma troca de conhecimentos”, disse o diretor de ensino e coordenador de pós-graduação da São Leopoldo Mandic, Thomaz Warsall. Para o estudante, há vários benefícios. Um dos principais é o currículo. “É uma tendência mundial. As barreiras estão caindo”, disse o diretor.   Fonte: Portal G1 / Educação 

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