GRACILIANO ROCHA
da Agência Folha
Os 35 apostadores de Novo Hamburgo (RS) que compraram um bolão com as dezenas premiadas da Mega-Sena, mas não levaram o prêmio de R$ 53 milhões foram vítimas de estelionato. A conclusão é do delegado Clóvis Nei da Silva, que encerrou nesta terça-feira o inquérito que apurou o caso.
No relatório, o delegado afirma que há evidências de prática de estelionato tanto do dono da lotérica, José Paulo Abend, 49, quanto da atendente Diane Samar da Silva, 21, que diz ter se esquecido de registrar no sistema da Caixa Econômica Federal as apostas. Se condenados, eles poderão pegar penas de um a cinco anos de prisão.
Silva encaminhou o inquérito à Justiça Federal de Novo Hamburgo. O caso deverá ser remetido à Procuradoria.
Para a polícia, a Caixa também foi vítima. O inquérito aponta que a lotérica, apesar de receber comissões sobre as apostas feitas, superfaturava os valores cobrados por bolões vendidos aos apostadores. No bolão com as dezenas sorteadas, diz o delegado, as 15 combinações numéricas vendidas custariam R$ 132, mas a lotérica pôs à venda 40 cotas a R$ 11 (R$ 440).
A Folha não conseguiu localizar Abend, a funcionária ou seus advogados. Recados deixados não foram respondidos até as 19h. Anteriormente, o dono e a empregada sustentaram a versão de que o erro humano causou a confusão.
Procurada, a Caixa não quis emitir comentários sobre as conclusões do inquérito porque analisa um recurso administrativo impetrado por Abend para reabrir a lotérica.
A lotérica está fechada desde 22 de fevereiro, dois dias após o concurso 1.155 que sorteou as dezenas do bolão. No início deste mês, o banco rejeitou as explicações de Abend e cancelou a concessão para funcionamento da Esquina da Sorte.
Apostadores lesados recorrerão à Justiça para tentar obter o pagamento do prêmio pela Caixa e de uma indenização por danos morais.