Produtos variam de etiquetas para reconhecer a cor das roupas até uma cadeira de rodas movida pelo sopro
Se escolher uma camisa, acessar a Internet ou se deslocar até uma banca de jornal são tarefas consideradas simples, mas elas também podem representar desafios para pessoas com deficiência. Pensando nisso, jovens inventores de vários estados criaram soluções para ajudar essa parcela da população em tarefas cotidianas, que envolvem desde uma etiqueta para reconhecer a cor das roupas até uma cadeira de rodas movida pelo sopro.
Os projetos foram expostos na 9ª Feira Brasileira de Ciência e Tecnologia (Febrace), que aconteceu entre 22 e 24 de março, na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O evento reuniu 302 projetos, desenvolvidos por 607 estudantes de 14 a 20 anos. Deles, pelos menos 11 visam a melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência.
Um deles é uma etiqueta estampada na roupa, com um código. Ela é “lida” por um software livre instalado no celular, que informa à pessoa com deficiência visual a cor, o tamanho, o modelo e o material da peça. “Queremos oferecer o sistema para lojas de varejo, para que já produzam as roupas com as etiquetas”, conta Jéssica Carnicelli, de 20 anos, que desenvolveu o projeto pela Fundação Bradesco de Osasco (SP).
As pessoas com deficiência visual podem cadastrar as roupas que já têm no software e gerar a etiqueta. Aí é só aplicá-la na peça, em qualquer estamparia. “O único momento em que eles precisariam de ajuda seria para informar as características da peça no programa”, conta Jéssica.
Para a coordenadora da Febrace, Roselli de Deus Lopes, a preocupação com inclusão social está alinhada ao objetivo da feira. “Queremos que os jovens olhem em volta, percebam problemas ao seu redor e proponham soluções”, conta. “A preocupação com a acessibilidade vem das leis de inclusão, do destaque sobre o tema na mídia ou do contato com algum familiar ou amigo”.
Na feira também foi apresentado um sistema operacional de computadores voltados para pessoas com Síndrome de Down. Além de oferecer um navegador de Internet simplificado, ele contém jogos para estimular memória e coordenação motora. “Nosso objetivo é melhorar a concentração, a memória e as habilidades físicas das pessoas com Síndrome de Down”, conta Ludymila Lobo, de 18 anos, que acaba se formar na Fundação Nokia de Manaus (AM).
Dos projetos voltados às pessoas com deficiência, quatro desenvolveram estratégias para acionar cadeiras de rodas. Uma delas, de Itapipoca (CE), consegue fazer a cadeira se mover pelo sopro. Outra é acionada por comandos de voz. “Usamos um software livre, disponível para download na Internet”, conta André Lunk, de 17 anos, que participou do projeto pelo Instituto Federal de Pelotas (RS).
Também foi apresentado um localizador de objetos pelo som, um alarme para impedir que pessoas sem deficiência estacionem em vagas reservadas, um leitor de braile e um software para auxiliar o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais.
“Os projetos são bastante relevantes sob o aspecto social e demostram uma postura compromissada dos alunos com a pesquisa”, afirma o avaliador da feira, Rubens Gedraite, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Fonte: Portal Aprendiz