Graças a essa simples ferramenta que forma uma verdadeira rede social, um jovem egípcio chamado Wael Ghonim começou um movimento que em 18 dias juntou 12 milhões de egípcios nas ruas e culminou na renúncia de Hosni Mubarak do poder. Isso foi suficiente para que a chamada “primavera árabe”, nascida da revolta na Tunísia, que derrubou o presidente Zine El Abidin Ben Ali depois de 23 anos no poder, ganhasse força em outros países árabes.
No Brasil, um fato – que não envolve a deposição de um governo tirano – mobiliza milhares de “facebuqueiros” em torno de uma não tão sem menos importância causa: o preconceito social e a estação de metrô. Tudo começou com uma notícia de um jornal que dizia que a associação de moradores de Higienópolis, um bairro de classe média alta de São Paulo, havia finalmente conseguido o que queria: afastar os pobres (também conhecidos por “diferenciados”) do bairro com o cancelamento da construção de uma estação de metrô.
Mas não é bem essa a história. Segundo fonte fidedigna (gosto dessa palavra – e espero que assim o seja. Ops, já revelei o sexo), a desistência da construção de uma estação de metrô na avenida Angélica, que corta o bairro nobre da região central de São Paulo, de cima a baixo, não teria sido uma vitória da associação de moradores e sim uma decisão motivada por questões técnicas. Segundo essa fonte, que habita naquele bairro e cujo nome não revelarei nem sob tortura muriliana, seriam necessários oito lances de escadas para chegar ao nível da plataforma onde passaria o trem.
Fato é que por conta de uma informação veiculada em um jornal de grande circulação e que cuidou de dar mais destaque ao lado preconceituoso de uma pequena parcela reacionária de um bairro, todos os moradores agora estão pagando o pato. Morador de Higienópolis virou piada na cidade.
Já quero dizer que não moro no bairro e, portanto, não legislo em causa própria. Mas se um dia eu estiver em um bar e o garçom demorar para me servir, farei como um amigo disse no Facebook: Garçom, sou de Higienopolis, me serve primeiro? Brincadeirinha… Até o ex-presidente Lula já entrou no meio.
Lembro muito bem que em 1997 essa mesma associação foi contra a construção de um shopping center no bairro. Nem por isso, o shopping deixou de ser construído. Agora, teremos o churrascão da gente diferenciada (parece que esse foi cancelado e está dando o maior bafafá), a micareta da gente diferenciada e o churrascão shopping higienópolis, que estão chamando milhares de pessoas para um ato de protesto neste sábado (14 de maio) naquele bairro contra os poucos moradores que são contra o metrô e os “diferenciados”. Ainda não decidi de qual vou participar.
Bem, cada um tem o Egito que merece. Fonte: Portal Você S/A