Eu ainda lembro quando, há alguns anos, falei para meu pai que iria mudar de função na empresa em que trabalho há 16 anos, desde os tempos do estágio. Mencionei que tinha conseguido uma excelente oportunidade em uma nova área como arquiteta de TI. Ele ficou feliz, mas confuso (apesar de ter um doutorado em Física Teórica), e me disse: “Mas minha filha, você não se formou em Engenharia?”. Ele até já tinha aceitado eu ter sido contratada como analista de sistemas, mas virar uma arquiteta era um pouco estranho para ele. Afinal, o que faz um arquiteto de TI? O arquiteto de TI projeta soluções para negócios baseadas em Tecnologia da Informação. Geralmente são soluções que integram diversos sistemas, utilizam múltiplas tecnologias, serviços e produtos. O profissional tem um amplo conhecimento técnico e experiência em diversas disciplinas, consegue identificar e avaliar possibilidades até chegar à solução que melhor vai atender as necessidades do negócio e usa metodologias voltadas para construção de sistemas. É um profissional que deve conhecer a indústria, o negócio, e a partir destes contextos fazer a conexão com a área de tecnologia. Ao projetar uma solução, o arquiteto de TI entende o ambiente no qual a solução será inserida e os padrões estabelecidos na empresa. Na caixa de ferramentas deste profissional está a sua ampla experiência na área, metodologias de projeto de sistemas, técnicas de modelagem de sistemas, padrões de arquitetura, conhecimentos de consultoria e gerência de projetos. O que faz e o que não faz Apesar de possuir conhecimento e ferramentas, o arquiteto de TI nunca cria uma solução sozinho, sempre trabalha em conjunto com especialistas que possuem conhecimento profundo em cada um dos componentes da solução. E é nesse ponto que entram outras qualidades necessárias ao arquiteto de TI: liderança, comunicação, trabalho em equipe e negociação. São principalmente esses conhecimentos não-técnicos que diferenciam esse profissional dos demais. Outra forma de entender o que um arquiteto de TI faz é dizer o que ele não faz. Ele não é um “super especialista” que conhece profundamente todas as tecnologias, produtos ou serviços. Mas tem bastante experiência e um bom conhecimento sobre como as coisas funcionam. O mais importante nesta atividade é saber enxergar cada tecnologia ou componente da solução como uma “caixa preta”, com suas entradas e saídas, é entender o que a “caixa” é capaz de gerar, mais do que entender em detalhes o que acontece lá dentro. Ele também não é um gerente de projeto, mas precisa ter conhecimentos básicos dessa disciplina e, geralmente, torna-se o braço direito deste profissional, pois precisa entender e orientar a implementação da sua solução. Ele também não é um consultor, todavia precisa conhecer técnicas e metodologias de consultoria. Nem preciso dizer que o arquiteto de TI não é o mesmo que um super desenvolvedor ou um analista de suporte. A profissão de arquiteto de TI está em alta e a demanda por esse profissional está aumentando. Há diversas certificações da profissão no mercado, como por exemplo, as chamadas: Open Group, IASA, Zachman, entre outras. Ao me tornar uma arquiteta de TI, encontrei a função e carreira que sempre almejei. Nunca quis largar a área técnica, porque é minha vocação e, de certa forma, meu grande diferencial. Ao mesmo tempo, como arquiteta de TI posso exercer funções de liderança, entender do negócio e da indústria. Ainda não tenho muita certeza se meu pai entende exatamente o que eu faço, mas tudo bem, eu também nunca consegui entender muito bem as publicações da pesquisa dele. Acho que vou dar esse artigo para ele ler... |
Fonte: Jornal da Tarde - SP |