Atrair e manter os talentos nas empresas são desafios cada vez maiores para as corporações brasileiras. Segundo uma pesquisa da empresa de educação corporativa HSM, envolvendo 1.065 executivos, 64,5% pretendem admitir funcionários no cenário entre 2011 e 2015. Os dados, que têm como objetivo mostrar o tamanho do desafio dos departamentos de Recursos Humanos para atrair profissionais, foram divulgados na última sexta-feira (1) no lançamento da certificação Top Employers, um reconhecimento às melhores empresas para se trabalhar.
Segundo o mesmo levantamento, quando perguntados se “sua empresa dispõe de líderes na quantidade e qualidade necessárias?”, 63% responderam não. Segundo o consultor e presidente da empresa de consultoria em estratégia, marketing e RH, Empreenda, César Souza, o dado da próxima pesquisa, que ainda está em tabulação, deve apontar que esses 63% estão ainda mais numerosos, indo para 71%. “Antes, questões ligadas à demanda do mercado e à tecnologia dominavam a resposta dos empresários e, hoje, todas as prioridades estão voltadas para as pessoas”, conta.
Outra pesquisa, também ligada à área de recrutamento e desenvolvimento de talentos, feita com 577 profissionais de RH, mostra que 65% dos entrevistados afirmaram não ter líderes na disponibilidade desejada dentro de sua empresa. Outro dado, do mesmo levantamento, mostra que 71,7% dos profissionais de Recursos Humanos acreditam que 2011 será um ano mais difícil para reter talentos que 2010.
Souza explica que essa dificuldade está ligada a uma geração inteira de profissionais que é cada vez mais determinante na formação do mercado: a geração Y. “Não adianta rotular essa geração ou ignorarmos que ela está cada vez mais presente nas empresas. É um perfil com um sistema de valores bastante diferente e com ambições que os colocam em um patamar diferente do que nós, profissionais que temos hoje 40, 50 ou 60 anos, nos submetemos em outros momentos”, explicou o consultor.
Em sua apresentação, o consultor frisou a diferença entre os paradigmas que existiam no passado e os cenários do atual mercado. “A preocupação com máquinas, insumos, mercados e finanças perdeu espaço para a gestão dos valores intangíveis, como a cultura, a inovação e a gestão de marcas”, citou.
Top Employers
A certificação Top Employers é concedida anualmente a empresas em 12 países de 3 continentes pelo Instituto CRF, de avaliações e reconhecimento a políticas de recursos humanos. Em outros países, 2,5 mil empresas receberam o selo no mundo. Duas empresas apresentaram seus casos de sucesso no lançammento da certificação no Brasil.
O diretor de Recursos Humanos da unidade espanhola da British American Tobacco, que no Brasil conta com a subsidiária Souza Cruz, Daniel Laya, destaca que a conquista da certificação contribuiu para que a empresa tivesse mais um trunfo no recrutamento de novos talentos. “A partir da conquista deste reconhecimento, os estudantes percebem que se trata de uma organização que se preocupa com as necessidades da equipe, que tem preocupação com a qualidade do trabalho, o desenvolvimento da carreira, tanto de promoção interna como de desenvolvimento internacional”, destaca Laya.
O gerente de recursos humanos da Janssen na Espanha (braço farmacêutico do grupo Johnson e Johnson), Thiago Oliveira, destacou que a certificação contribuiu para que a empresa estimulasse um compromisso ainda maior de seus colaboradores e para a tomada de decisões em pontos considerados estratégicos. “Temos o fator limitador de sermos uma empresa que, em função de nossa atividade, tem uma marca pouco difundida globalmente, e a certificação é mais uma estratégia para ampliarmos a atratividade de talentos”, destacou.
Gestão de pessoas
Outra aposta da multinacional é o sistema de comunicação, com reuniões trimestrais e até um espaço virtual similar à intranet, em que os funcionários têm acesso a todas as políticas da empresa e que também podem realizar ações como solicitar férias, fazer consulta de convênios e outras ações. Os funcionários da companhia têm também a possibilidade de ampliar suas férias mediante um acordo financeiro. A empresa tem também uma comissão de igualdade, para proporcionar cada vez mais tratamento idêntico entre os gêneros.
Oliveira, da Janssen, destacou a política inovadora inerente à empresa, que também se reflete nas políticas de recursos humanos. A companhia tem uma espécie de aplicativo, com o qual cada profissional pode indicar que desenvolvimento profissional gostaria de ter, funcionando como uma base de informações que permite adaptar as necessidades da empresa aos interesses individuais.
“Procuramos sempre estar atentos às necessidades de cada um, flexibilizar a jornada, entender as demandas e expectativas, para que possamos conciliar a estratégia da empresa com os objetivos da equipe”, afirma Oliveira. O gestor lembra que a empresa também tem uma preocupação com a formação constante de seus profissionais”, consta na descrição da empresa, no livro que lista as melhores empresas para se trabalhar na Espanha.
No Brasil, as empresas interessadas em ser top employers têm até o dia 31 de maio para se inscrever. As companhias serão submetidas a um questionário específico e, em setembro, a lista das brasileiras credenciadas será divulgada. Fonte: Administradores.com