Eletrônicos e eletrodomésticos costumam ficar mais baratos e economistas apontam vantagens e desvantagens de resistir às compras

Nos meses que antecedem o Natal, o apelo da chegada do 13º salário e o aumento dos estoques das lojas estimulam o consumidor a deixar o comércio do país mais aquecido do que em qualquer época do ano.

Porém, aquele que resiste à ansiedade e adia as compras para o início do ano seguinte pode encontrar preços mais baixos e até melhores condições de pagamento, principalmente de eletroeletrônicos.

Televisores, videogames, computadores, automóveis e até roupas estão entre os produtos com maior queda de preços verificada nos meses de janeiro nos últimos nove anos, de acordo com levantamento realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) a pedido do G1, com base no Índice de Preços ao Consumidor (IPC).  

"Tradicionalmente, os preços ficam menores nesses meses de janeiro e fevereiro porque há poucos consumidores nas lojas, a maior parte do dinheiro disponível no mercado já circulou e as lojas estão precisando acabar com o que sobrou do estoque. Normalmente tudo começa a ficar mais barato assim que termina o Natal, no dia 26 mesmo. No entanto, essas variações podem ser maiores ou menores, depende do ano", disse o economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, André Braz.

Se os consumidores conseguirem esperar até março do ano seguinte para fazer as compras, os descontos oferecidos podem ser ainda maiores, segundo o consultor financeiro Alexandre Lignos, do Intelect Gerenciamento Financeiro. "Nesse mês [março], há reflexos do Carnaval, das viagens de férias, e o comércio fica desesperado para acabar com o resto dos estoques de eletrônicos, de roupas. Porque é no início do ano que os lançamentos são feitos", afirmou.

Em se tratando de carros, outros fatores pesam para que os preços fiquem mais baixos nos primeiros meses de cada ano. "Se os carros ficam nas concessionárias, os donos têm de pagar o IPVA [Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores], por exemplo. Como não há muitos consumidores querendo comprar nesta época, os veículos acabam ficando mais baratos do que quando a maioria dos consumidores estava com dinheiro para gastar", justificou Braz. A regra se aplica, segundo ele, não só para os carros novos, mas para os usados também.  

Mas é presente!
É consenso entre os economistas que é vantajoso adiar as compras de Natal. Porém, alguns alertam para a chance de o consumidor não encontrar todos os modelos à venda nos meses anteriores. "O problema é que, se você vai presentear alguém, tem que ser no Natal. Acaba perdendo um pouco o sentido se você faz isso depois", disse Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo.   

"Nessa hora, é preciso conter a ansiedade, porque essa época de Natal é muito simbólica. Mas ainda acredito que quem espera se dá bem. O filho que quer comprar uma geladeira para a mãe, por exemplo, não precisar dar no Natal. Ele pode presentar com uma roupa e deixar para comprar a geladeira depois. Certamente compensa", exemplificou o economista da FGV.

Também fica mais barato
No início de cada ano, também ficam mais baratas as passagens de avião, de acordo com Braz. Isso porque, normalmente, há uma leve alta de preços verificada nos meses em que a procura por voos para os meses de férias é maior. "Mesmo quem deixa para comprar as passagens em cima da hora acaba conseguindo preços menores, porque o pico ocorreu em novembro e dezembro", disse o economista, atribuindo as variações de preços à ajustes de oferta e demanda.

Nessa época, preços de produtos típicos do Natal, como carnes de aves, também recuam. De acordo com a FGV, o frango tipo chester fica, em média, 5,66% mais barato nos meses de janeiro.

Perspectivas
Neste ano, a perspectiva do comércio varejista é que as vendas de fim de ano cresçam de 10% a 12% em relação a 2009. A associação comercial atribui essa expectativa positiva ao cenário econômico atual, que mostra aumento da renda dos consumidores e ampliação da concessão de crédito e dos prazos de financiamento.   

Com a desvalorização do dólar, que derruba o preço dos produtos importados, o comércio está apostando ainda mais no Natal de 2010.

De acordo com pesquisa do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a Felisoni Consultores Associados, 76,2% dos consumidores têm intenção de fazer compras no quarto trimestre deste ano.

Entre as categorias analisadas pelo estudo, os produtos relacionados a cine e foto aparecem em primeiro lugar na intenção de compra dos consumidores, com 14,2%, seguidos pelos eletroeletrônicos, com 13,2%, e pelos de informática, com 12,4%.   Fonte: Portal G1 

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