Já os desembolsos para as empresas avançaram menos de 5% nesse período e somam hoje R$ 499 bilhões.
Isso significa que a maior parte desses recursos está sendo usada para financiar o consumo, em vez de investimentos e capital de giro.
CONSIGNADO
Quase dois terços do aumento nos empréstimos para pessoas físicas com recursos livres nesse período se referem a operações de crédito com desconto em folha (consignado) ou a financiamento de veículos.
Ou seja, duas linhas ligadas às medidas de aumento do emprego e redução do IPI para automóveis que vigoraram até março.
O crescimento diferenciado entre o crédito dos bancos para empresas e consumidores vem sendo observado desde a crise de 2008, quando secaram as fontes de recursos para empresas.
Para compensar, o governo aumentou a quantidade de dinheiro subsidiado para empresas por meio do BNDES, que responde hoje por quase 40% dos empréstimos a pessoas jurídicas.
O economista Roberto Padovani, do Banco WestLB, diz que a redução do crédito livre para empresas preocupa, já que o governo não tem como bancar toda a necessidade de crédito para investimentos sem aumentar mais seu endividamento.
LIMITES
"Parte desse avanço das pessoas físicas se deve ao recuo das empresas, que estão migrando para o crédito direcionado. Mas há limites para o governo, pois manter aportes contínuos no BNDES seria péssimo para as contas públicas", afirmou.
Para o economista Alexandre Andrade, da consultoria Tendências, o fato de o BNDES dispor de recursos com taxas menores atrasa essa recuperação do crédito de bancos comerciais.
Os empréstimos do banco estatal têm como base a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo, 6% ao ano), enquanto o crédito livre para a pessoa jurídica tem hoje um custo de 27% ao ano.
O crédito livre para as empresas, segundo ele, deve se recuperar apenas a partir do próximo ano, quando as taxas de juros pararem de subir e os prazos de financiamentos voltarem a se alongar.
"Há uma demanda de crédito por parte das empresas pequenas e médias. Mas nem todas têm acesso ao BNDES."
"Quando os juros voltarem a cair e os prazos aumentarem, o acesso ao crédito livre para essas empresas menores voltará a ficar mais fácil."
Fonte: Folha.com / Mercado