conhecimentos e habilidades que possuímos e que nos tornam mais capazes no trabalho

O conceito de empregabilidade vem ganhando força nos últimos anos, muito em função das transformações e reestruturações empresariais verificadas nos últimos anos. Se antes as empresas podiam e tinham interesse em manter uma força de trabalho estável, em oferecer oportunidades de ascensão e de carreira, hoje a situação é outra. Em vez de estabilidade e segurança, as empresas agora oferecem a oportunidade de um trabalho desafiador (e muitas vezes desgastante) e a perspectiva de maiores ganhos,fruto da crescente utilização de planos de remuneração variável. Antes de discutirmos a empregabilidade e suas características, é necessário fazer uma análise crítica do conceito e avaliar as razões de sua popularidade. Em certa medida, a empregabilidade surge como resposta das empresas às novas condições do mercado de trabalho.

Já que não podem mais oferecer estabilidade e segurança, passam a disseminar a ideia deque a responsabilidade pela manutenção do emprego, e pela eventual conquista de outro, cabe agora a cada um de nós. A empregabilidade pode ser definida como a capacidade que uma pessoa tem de conseguir um emprego, se manter nele, ou encontrar uma nova colocação se necessário for. É,portanto,ter e manter o seu valor para as organizações. E como podemos fazer isso? A construção da empregabilidade se alicerça em quatro pilares essenciais. O primeiro deles é o autoconhecimento ou o que alguns autores chamam de identidade de carreira.

Na medida em que carreiras planejadas pela empresa caracterizam uma quantidade cada vez menor de postos de trabalho, aumenta o número de possíveis trajetórias profissionais a serem seguidas e, consequentemente, a importância de se ter clareza quanto aos objetivos e aspirações pessoais. Saber quem somos hoje e o que queremos para o futuro é fundamental para orientar nossos esforços e ampliar nossa motivação, ingredientes essenciais para o sucesso. Em segundo lugar aparece o capital humano, representado pelos conhecimentos e habilidades que possuímos e que nos tornam mais capazes no trabalho, ampliando nosso valor para as organizações. Considerando as inovações tecnológicas e um cenário de constantes mudanças, podemos concluir que a busca pela qualificação nos acompanhará por toda a vida profissional. Rede. O terceiro pilar é formado pelas redes de relacionamento ou capital social. Por meio do networking,ampliamos nossa rede de contatos pessoais e profissionais, o que nos abre portas no mercado de trabalho (acesso a oportunidades profissionais)e nos permite ser mais produtivos, já que boas relações no trabalho facilitam, e muito, o nosso dia a dia.

Por fim, há a abertura à mudança. Ter um funcionário que se dispõe a mudar e que se adapta rapidamente à mudança é um ativo extremamente valioso num ambiente competitivo e dinâmico. Como a flexibilidade organizacional é cada vez mais importante, muitas empresas segmentam sua força de trabalho em dois grupos,um central e outro periférico. No primeiro grupo, percebido como estratégico e que goza de relativa estabilidade, a flexibilidade é obtida por meio de sua mobilidade funcional e geográfica. Já o segundo grupo, cujas habilidades são mais facilmente encontradas no mercado, acaba por conviver com uma insegurança maior, uma vez que a resposta às flutuações do mercado se dá por meio de demissões e contratações–a chamada flexibilidade numérica. Nesse sentido, se quisermos fazer parte do seleto grupo de trabalhadores centrais, a capacidade de adaptação e a abertura à mudança passam a ser essenciais. Concluindo, se a competição entre as empresas por um espaço na mente e no bolso d os consumidores vem crescendo, o mesmo se pode dizer da competição por um espaço no mercado de trabalho.

O conceito de empregabilidade vem ganhando posição de destaque na medida em que as empresas passam a se eximir da responsabilidade pela carreira de seus empregados, transferindo-as para o próprio trabalhador. A mensagem que fica é de que precisamos cuidar de nossos desígnios e que a segurança está em ser empregável, e não mais em estar empregado. Aqui procuramos destacar alguns passos importantes para a construção da empregabilidade,necessária para aqueles que querem ter um maior controle sobre suas carreiras profissionais.

Lúcia B. Oliveira - PROFESSORA E COORDENADORA ADJUNTA DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DO IBMEC-RJ
Fonte: O Estado de São Paulo
 

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