A falta de mão de obra qualificada no Brasil fez com que muitas empresas buscassem uma saída rápida para a contratação. A solução encontrada por mais da metade das organizações (54%) para contratar um profissional de nível técnico ou operacional foi diminuir as exigências. O item experiência profissional foi relevado por 83% delas. Isso é o que revela o estudo Carência de profissionais no Brasil, realizado pela Fundação Dom Cabral com 130 empresas de grande porte de todo o território nacional, em março deste ano.
A pesquisa constatou que 81% das organizações têm problemas na contratação devido a escassez de profissionais qualificados no mercado.
“A dinâmica do mercado de trabalho mudou muito. Antes tínhamos uma contratação generalista, mas hoje a busca é pelo especialista, no entanto o currículo escolar não acompanhou essa mudança”, diz o coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral e responsável pela pesquisa, Paulo Resende.
Para ele, a grade de matérias das universidades ainda é pouco voltada para essa demanda de mercado, que busca cada vez mais por profissionais especializados. “Com isso os generalistas têm grande dificuldade de encontrar um emprego, e as empresas, problemas na contratação do perfil desejado”, aponta.
Em alerta
Técnico | 40% |
Coordenação/Supervisão | 36% |
Engenheiro Sênior | 27% |
Analista | 28% |
Engenheiro Pleno | 26% |
Gerência | 22% |
Operador | 23% |
Engenheiro Júnior Trainee | 20% |
Assistente/Auxiliar | 14% |
Estagiário | 7% |
Diretoria | 5% |
Outros | 4% |
Segundo a pesquisa, as principais áreas da empresa onde é mais difícil encontrar profissionais capacitados são Produção / Chão de Fábrica, 52%, Planejamento, 32%, e Logística, 23%.
Quando são enumeradas as funções com qualificação profissional mais precária, a tabela ao lado apresenta o que é mais representativo para as empresas. Funções técnicas e de coordenação e supervisão ganham destaque.
“No caso do técnico conseguimos entender, pois realmente estamos formando menos estes profissionais”, explica. “Já, os cargos de coordenação e supervisão percebemos um outro aspecto: muitos deles acabam esquecendo um pouco do mercado fora da empresa, e caem na superespecialização, isso é, eles são tão especializados que só servem para o trabalho que fazem naquela empresa e área”, comenta Resende.
O que diferencia...
Segundo Resende, quem mesmo sem a capacitação necessária consegue conquistar uma vaga, geralmente, tem no perfil três características essenciais: Visão ampliada, capacidade de gerenciar e disponibilidade. Ele explica cada um dos pontos:
Visão ampliada, sistêmica | É o profissional que desde a entrevista mostra que consegue ver a empresa como parte de um sistema maior, consegue demonstrar essa capacidade de enxergar a organização num contexto global. |
Capacidade de gerenciar | Ele precisa acreditar que uma equipe joga melhor que um indivíduo, e ter a capacidade de gerenciar times, levar as pessoas para ele. |
Disponibilidade/desprendimento | Empresas querem profissionais disponíveis. Que elas saibam que podem contar num final de semana ou fora do período de trabalho, caso seja preciso. Aquele que tenha disponibilidade para acompanhar a a organização pelo mundo. |
Fonte: Portal UOL / Empregos