Para não ser obrigado a aceitar posição inferior no retorno, profissional deve buscar algum tipo de atualização durante ausência, afirmam consultores

O profissional que volta ao mercado de trabalho após uma ausência de pelo menos dois anos precisa mostrar de alguma maneira que se manteve atualizado durante o "sabático" - não importa se o período tenha sido motivado por escolha pessoal, tentativa de abrir um negócio próprio ou imposição do mercado. Do contrário, dizem especialistas, é necessário adequar as expectativas ao buscar uma nova vaga.

"Se a pessoa não conseguir mostrar no currículo que fez algo para se manter atualizada, como um curso ou uma consultoria, talvez seja necessário dar passos para trás. Se foi diretor no passado, pode ser que volte como gerente", explica Regina Cadelca, vice-presidente de gestão de carreira da Catho.

Nem todo o período de ausência, entretanto, é negativo para a carreira. Um sabático que inclua algum tipo de atualização profissional - o domínio de um novo idioma, um estágio internacional ou um curso de pós-graduação - pode ser positivo para o currículo de qualquer pessoa.

Para quem espera um grande salto salarial, porém, é melhor optar por um sabático antes dos 30 anos - um curso de MBA no exterior, por exemplo, costuma exigir dois anos de dedicação. Depois disso, o profissional corre o risco de ficar no prejuízo ao se ausentar do mercado por um longo período.

Para Ricardo Amatto, diretor da área de mercado financeiro da consultoria Fesa, o executivo próximo dos 35 anos, por exemplo, geralmente ocupa cargo de gerência sênior ou diretoria. "O profissional se arrisca a sair e encontrar o mercado em um mau momento. Isso aconteceu com quem voltou do exterior em 2008", exemplifica.

Para o diretor da consultoria Michael Page, Bernardo Cavour, o profissional sênior terá mais benefícios pessoais do que financeiros ao buscar um curso no exterior. "Acho que, depois de cinco ou seis anos de experiência, o profissional está no melhor momento para estudar fora."

O engenheiro mecânico Carlos Alberto Camino Bohrer tenta voltar ao mercado de trabalho após quatro anos de ausência. Após herdar um restaurante, decidiu administrar o negócio por um tempo, antes de vendê-lo. A última experiência de Bohrer, que atuou por 20 anos no setor de autopeças, foi à frente da produção de uma fábrica de 1,3 mil funcionários em Minas Gerais.

Consultoria. Nos quatro anos em que se ausentou, o engenheiro atuou como consultor, atividade que ainda mantém. "Esse dinheiro não me permite manter o padrão de vida de antes, mas me ajuda a buscar algo com calma", explica. Em quatro meses de procura por uma vaga, Bohrer conta que foi chamado para nove entrevistas.

Em poucos dias de busca, ainda em março, Bohrer foi chamado para um cargo de gerência, mas decidiu esperar. "Neste momento, estou calmo no sentido de querer acertar. Estou em uma fase em que não dá para pular de galho em galho."   Fonte: Fernando Scheller - O Estado de S.Paulo
 
 

COMENTÁRIOS