O sistema bancário criou mais 2,84 mil postos de trabalho no primeiro trimestre deste ano, quando admitiu 11 mil trabalhadores com remuneração média de R$ 2.197,79 e demitiu 8,2 mil que ganhavam em média R$ 3.536,38. Uma diferença de 37,85% em prejuízo do nível salarial da classe bancária.
Os números constam de pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) e pela Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Divulgada pelo presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, a pesquisa constatou que houve evolução significativa em relação ao primeiro trimestre do ano passado, quando os bancos cortaram 1,35 mil postos de trabalho, por força da crise financeira internacional e das fusões entre os bancos Santander-Real e Itaú-Unibanco.
De acordo com Cordeiro, os dados demonstram que os bancos usam a alta rotatividade da mão de obra para reduzir os custos, demitindo bancários com salários mais altos para substituí-los por trabalhadores com remuneração inferior. "Isso é inadmissível se considerarmos que os bancos aumentam sem parar a sua lucratividade e que apenas os cinco maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 9,5 bilhões no primeiro trimestre do ano", disse.
A pesquisa Contraf/Dieese verificou aumento de 95,2% na criação de mais postos de trabalho, de janeiro a março, comparado aos 1,45 mil empregos bancários gerados no quarto trimestre de 2009. Constatou também que a oferta de empregos se aproximou do primeiro trimestre de 2008, antes da crise financeira, quando o setor gerou mais 3,13 mil empregos.
A nota de descontentamento ficou por conta da disparidade verificada entre os salários de homens e mulheres na rede bancária. Especificamente nos bancos privados, uma vez que os bancos oficiais contratam por concursos, com salários iguais. De acordo com a pesquisa, as mulheres foram admitidas com remuneração 32,71% inferior à dos homens (R$ 1.770,20 contra R$ 2.630,59).
Carlos Cordeiro disse, ao anunciar a pesquisa, que "a geração de novos postos de trabalho no setor financeiro é uma ótima notícia para a categoria bancária, que na campanha nacional do ano passado tinha a defesa do emprego como uma de suas principais bandeiras".
Ele ressaltou que que na campanha salarial do ano passado, a categoria assinou acordo com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal assegurando a contratação de mais 15 mil trabalhadores até o fim deste ano. Cordeiro disse que a questão do emprego será novamente uma das principais reivindicações na campanha deste ano, com dissídio marcado para setembro.
Na comparação com outros segmentos da economia, o sistema financeiro foi um dos que menos gerou empregos no primeiro trimestre: apenas 0,43% dos 657.259 novos postos de trabalho no período. O setor que criou mais vagas de trabalho foi o da construção civil, com saldo de 127,7 mil empregos (19,43% do total), seguido dos setores de comércio e da administração de imóveis, que produziram 95,1 mil novos empregos (14,48%).
A pesquisa Contraf-CUT/Dieese mostra que o saldo positivo do emprego nos bancos está concentrado nas faixas salariais mais baixas, com predominância para o segmento entre dois e três salários mínimos, que registrou um saldo de 4,2 mil postos de trabalho. A partir daí, todas as faixas apresentam saldo negativo de emprego, com destaque para o segmento de cinco a sete salários mínimos, com 1,3 mil postos de trabalho a menos.
O movimento deve-se ao fato de a grande maioria das admissões (55,8%) estar concentrada na faixa de até três salários mínimos, enquanto as demissões se distribuem pelas faixas superiores de remuneração. Com isso, a remuneração média de quem é admitido (R$ 2.197,79) é 37,85% inferior à média salarial dos desligados (R$ 3.536,38). Fonte: Agência Brasil / Terra / Economia