O que os brasileiros têm a aprender com americanos, japoneses e alemães quando o assunto é produtividade

Os brasileiros têm a fama de ser um povo trabalhador. Por isso mesmo, costuma ser decepcionante saber que nossa produtividade individual corresponde a apenas 31% da alemã ou a 20% da americana. Ao contrário do que muita gente pensa, produtividade não se mede apenas pela quantidade de horas trabalhadas, mas pela eficiência com que cada uma delas é revertida em riquezas para um país.

Prova disso é que, embora no México se trabalhe 1 893 horas anuais e na Noruega apenas 1 422, a cada hora trabalhada um norueguês produz 36 dólares, ante 9 dólares de um trabalhador mexicano. O crescimento da produtividade é uma das principais variáveis que impactam na geração de riquezas. "A alta produtividade é a essência da prosperidade econômica de longo prazo", afirma Raymond Torres, diretor do Instituto para Estudos do Trabalho, da Organização Internacional do Trabalho. Estados Unidos, Japão e Alemanha, que se tornaram referências em produtividade, encabeçam há décadas o ranking dos países com maior Produto Interno Bruto (a soma das riquesas produzidas por um país).

E a China, que recentemente assumiu o posto de terceira maior economia do mundo, o fez graças ao crescimento de seu índice de produtividade. O que varia é a forma como cada país encontra o seu caminho para a melhor produtividade. Isso depende dos recursos disponíveis: grau de qualificação da população, infraestrutura, oferta de matérias- primas e da cultura de cada povo.

A seguir, mostramos como alguns países tiraram partido de suas características culturais e de um determinado cenário econômico para fundar os princípios de seu modelo produtivo. Para os especialistas, o Brasil ainda precisa desenvolver um sistema próprio.

JAPÃO – ATENÇÃO AOS DETALHES

Depois da Segunda Guerra Mundial, o Japão precisou reconstruir sua economia. Com o mercado interno limitado e poucos recursos para adquirir matérias-primas, a produção industrial precisava alcançar a máxima eficiência e gerar o mínimo de perda. Surgiram, então, as premissas do sistema Toyota de produção, baseado na adoção de conceitos como qualidade total, para impedir o desperdício de materiais, e o just in time, que prevê produzir o necessário, na quantidade certa e no momento ideal, evitando os estoques que, enquanto não são vendidos, não proporcionam ganho.

O know how gerado na fábrica tem um grande valor

Desde sua criação, o sistema Toyota foi multiplicado nas companhias japonesas e aplicado em várias empresas ao redor do mundo — nem sempre com os mesmos resultados. Para os especialistas, boa parte do sucesso desse modelo é assegurada por características culturais japonesas. O rígido controle de qualidade, presente em todos os estágios da produção, é favorecido pelo apreço dos japoneses aos detalhes, o que pode ser percebido em diversos aspectos da cultura daquele país, como na sofisticada cerimônia do chá ou nas artes marciais.

Da mesma forma, o profundo sentido de obediência à hierarquia se reflete no empenho com que os trabalhadores japoneses se entregam ao cumprimento de altas metas e rígidos prazos de entrega, um dos diferenciais da indústria oriental. Há quem enxergue aspectos do modelo japonês que podem ser transferidos para o Brasil com facilidade. Um deles é o princípio da melhoria contínua, que não exige grandes recursos para ser aplicado e é um dos motores da enorme capacidade de inovação do país. Para Tiemi Sugisawa, coordenadora de projetos do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, a eficácia do conceito está na valorização da opinião do funcionário do chão de fábrica e na criação de um ambiente de trabalho que permita que o conhecimento aflore e seja aproveitado da forma adequada.     ALEMANHA – DISCIPLINA E PLANEJAMENTO

Em 2002, a Volkswagen inaugurou na cidade de Dresden, na Alemanha, a Fábrica Transparente. Construída de vidro, permite que o processo de fabricação seja acompanhado por quem está do lado de fora. Para os autores do projeto, é uma forma de mostrar como a produção é organizada e eficiente.

A organização e a disciplina são valores admirados na sociedade alemã e cultuados entre os trabalhadores.   Fonte: Portal Você S/A 

COMENTÁRIOS