Isto é indiscutivelmente verdade.
Então por que bons profissionais não conseguem uma recolocação? Se bons profissionais (e eu digo bons mesmo) estão no mercado, por que existem vagas nas empresas que ficam abertas por vários meses e parecem que simplesmente não conseguem ser fechadas?
Não existe uma única resposta. Um processo seletivo tem muitas barreiras a serem ultrapassadas para o fechamento de uma vaga, mas quero falar de uma barreira nova….
Os desafios mais comuns de quem trabalha com recrutamento são: a organização sempre busca um super-homem, o processo é sempre urgente, os melhores profissionais querem ganhar mais do que a empresa quer pagar e com o mercado aquecido isto fica ainda mais difícil.
Até aí tudo absolutamente normal. Mas o que tem acontecido de diferente é que com as exigências de um mercado globalizado pós-crise, as empresas começaram a buscar profissionais sem precedentes.
Quando começo a recrutar para um cliente sempre pergunto por que aquela posição está sendo aberta. E tenho visto que a “criação” da vaga parte de pressupostos derivados de uma somatória de necessidades da empresa.
Para exemplificar e deixar mais fácil: imaginem que uma posição de responsabilidade regional seja criada e que ela seja baseada no Brasil. Se o reporte desta posição for para a França (que poderá ser a matriz neste exemplo), seria ideal que o profissional falasse além do português e espanhol (para atender às exigências regionais) o inglês (porque a empresa é global) e também o francês.
Vamos imaginar que o gestor anterior desta posição era da área de Humanas e muito pouco “exato” em suas colocações e para atender o novo plano da empresa é preciso agora contratar um profissional de raciocínio lógico, assertivo e exato.
Com a regionalização este profissional centralizará as demandas de gestão dos times de 5 países, por isso é necessária a vivência em países da América Latina em posições de gestão. Vamos supor que haja ainda uma questão de tributos e da área fiscal a ser atendida na região, por isto ele precisa também ser experiente na área fiscal e tributária de ao menos 3 destes 5 países da região.
Quando somamos todos os requisitos vemos que o mercado – por nunca ter tido estes tipos de necessidades combinadas anteriormente – nunca criou um profissional que reunisse todas estas competências. É ao que me refiro quando digo que existem posições sem precedentes.
E aí excelentes profissionais podem não ser aproveitados para o processo seletivo.
Acredito que este cenário vai somente aumentar nos próximos anos, porque a economia mundial mudou de eixo, as regras de antes nem sempre servem mais, e estamos trabalhando em muitas áreas com necessidades novas nas quais realmente não temos precedentes (nunca sediamos uma Olimpíada antes, por exemplo).
Às empresas caberá flexibilizar o perfil, trabalhar com ferramentas eficazes de desenvolvimento e ter uma liderança pronta para trabalhar com profissionais que nem sempre chegam “prontos”. Isto em qualquer nível hierárquico. Gestão está em evidência mesmo!
Aos profissionais fica a dica de que todos mudaremos de profissão, de área, de expertise e de maneira de atuação. E isto será positivo para o crescimento profissional.
Cada vez mais. Fonte: Blog Na Mira do Hadhunter / Portal Você S/A