Segundo dados deste ano da Sociedade Brasileira de Teletrabalho, a Sobratt, instituição que reúne pesquisas sobre atividades e trabalho à distância, assim como Paulo, mais de um milhão de brasileiros fogem da rotina de escritórios para exercerem suas profissões em casa, bem distante do estresse (e do porto seguro) dos trabalhadores com carteira assinada.
"A tendência é que essa estatística aumente cada vez mais, pois esse é um reflexo do que ocorre no cenário econômico, com alta demanda no setor de serviços, maior flexibilização nas relações e nos horários de trabalho e mais facilidades tecnológicas", afirma Adriana Gomes, professora do núcleo de estudos em gestão de pessoas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Além disso, mais empresas têm procurado quem trabalhe em casa e, por consequência, arque com os custos de aluguel, telefone e mobiliário, o que representa uma economia de 30% nos gastos mensais de uma corporação, segundo a especialista.
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A internet facilita a comunicação por meio de e-mails, videoconferências e conexões de voz via IP e escritórios virtuais possibilitam que pessoas trabalhem à distância, de qualquer lugar, o que antes era inviável. Mas, segundo Adriana, é preciso colocar limites nesta tecnologia toda.
"A internet é um ganho, porque possibilita transações internacionais num mundo que funciona 24 horas por dia. Porém, se o profissional não souber diferenciar o que é urgente e gerir o próprio tempo, não aguenta."
E não são todos que têm perfil para trabalhar em casa. A docente da ESPM, que há 20 anos está envolvida com recursos humanos e orientação vocacional, alerta para a necessidade de muita disciplina, organização, foco em resultados, ser automotivado, objetivo, não misturar questões profissionais com pessoais e, principalmente, ter bom senso de autogestão. "As pessoas pensam que trabalhar em casa é sinônimo de não ter chefe, mas sentem falta de grupo e de orientação para saber o que fazer."
Como toda decisão que se toma na vida, é preciso analisar prós e contras para ver se vale a pena trocar a rotina formal. "Para mim, a maior vantagem de trabalhar em casa é de estar mais próximo da família e também tem a questão do trânsito, relevante numa cidade como São Paulo, onde ficar uma ou duas horas dentro de um carro é comum. A grande desvantagem é ficar fora do convívio profissional diário, o que pode ser substituído por um networking ativo, uma vez que existem muitos como eu, instalados em seu home office", argumenta Paulo Levy.